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  • Foto do escritorCintia Neves de Azambuja

Que tipo de avó eu quero ser?



Quando penso na relação entre avós e netos, fico imaginando como será quando eu chegar nessa fase da vida. Eu ainda não sou avó, e a minha experiência com a minha própria avó não foi das mais carinhosas. Talvez seja por isso que, no fundo, eu queira fazer diferente. Quero ser aquela avó que deixa a casa com cheiro de bolo. Talvez uma reprodução afetiva que tenho da casa de Dona Benta, do Sítio do Pica-Pau Amarelo.


Narizinho sentia o cheiro gostoso dos bolos feitos por Anastácia, na casa da avó. E quando eu era pequena, minha mãe fazia um bolo bem parecido com aqueles que via pela TV no Sítio. Meu sonho é ambicioso, porque ainda tenho que aprender a fazer o bolo dos meus sonhos!


Turma do Sítio do Pica-pau Amarelo nos anos 1970/1980


Quero ser uma avó que brinca, que está sempre pronta para ouvir e oferecer um abraço aconchegante. Mas uma coisa é certa: quero respeitar e apoiar as decisões dos meus filhos, sem nunca tirar a autoridade deles.


Lembro-me com carinho de como meus filhos puderam conviver intensamente durante toda a infância com os avós. Eles tiveram a sorte de passar bons momentos com meus pais, viajaram juntos, ficaram na casa deles por dias, e isso criou laços muito fortes. Meus pais vão visitá-los todo ano no Canadá, algo que conforta a dor da saudade.


Os avós dos meus filhos, para mim, sempre foram a minha rede de apoio, especialmente quando eu precisava de ajuda para buscar as crianças na escola ou dar aquele suporte nos dias mais complicados. Porém, como em toda relação, também surgiram alguns desafios. Por vezes, minha mãe e minha sogra quiseram se envolver em decisões que não cabiam a eles, e encontrar o equilíbrio nesse limite nem sempre foi fácil. Tive que me impor algumas vezes e, no final, tudo acabava bem. Mas, afinal, o que é ser um bom avô ou avó? Fui atrás dessa resposta e agora compartilho algumas reflexões com você.


Segundo o psiquiatra Augusto Cury, da Escola da Inteligência, os avós desempenham um papel crucial na vida dos netos, mas é importante que essa relação seja saudável e equilibrada. Eles podem ser grandes companheiros, transmitindo valores, histórias e tradições, mas precisam lembrar que a educação e as grandes decisões cabem aos pais. Ele reforça a importância de cultivar uma relação de respeito, onde os limites sejam claros para que não haja interferência na autoridade dos pais.


Manter os pais próximos em datas comemorativas, como Páscoa, Natal e aniversários é importante para gerar memórias afetivas. E ele reforça: “os netos precisam saber que os avós estão prontos para dar carinho e ajudar nos momentos de dificuldade”.

Já o Pediatra Jorge Huberman fala sobre o "amor inexplicável" que existe entre avós e netos. Ele descreve essa conexão como algo profundo e especial, que vai além da simples convivência. Esse vínculo é construído com tempo, paciência e muito afeto, e é capaz de transformar a vida dos pequenos. É um amor que não substitui o dos pais, mas que o complementa de forma única. Para o médico, “o laço de confiança que se cria entre netos e avós os torna agentes importantes na função de resolver problemas na convivência e comunicação entre pais e filhos”.


E, claro, ser um bom avô ou avó não é só sobre dar amor e carinho. A psicóloga americana Barbara Greenberg compartilha algumas dicas valiosas, como a importância de estar presente, mas sem exageros. Avós maravilhosos são aqueles que sabem a hora de brincar, de oferecer colo, mas também entendem que os pais têm o papel principal na criação dos filhos. Eles são, de fato, aquele suporte emocional, mas sem perder de vista que a última palavra é dos pais.


Outras dicas da Dra. Greenberg para os avós que achei fundamentais:

  1. Respeito aos Filhos Adultos:

    • Evite questionar as decisões dos filhos na frente dos netos

    • Se necessário, discuta essas questões em particular com seus filhos.

  2. Regras dos Pais:

    • Siga as regras dos pais, mesmo quando estiver sozinho com os netos.

    • Se os pais não permitem algo, siga essas diretrizes.

  3. Compartilhe Histórias e Fotos:

    • Conte histórias divertidas sobre sua vida e a dos pais dos netos.

    • Mostre fotos para enriquecer suas experiências e humanizar os pais.

  4. Demonstre Amor e Respeito:

·       Seja um exemplo de amor e respeito pelos filhos e cônjuges.

·       Passe essa mensagem aos netos.

  1. Moderação e Experiências:

    • Seja compreensivo e tolerante, mas com moderação.

    • Valorize experiências em vez de presentes materiais.

 

Há, também, muitas habilidades que são desenvolvidas com esse convívio. Os avós ensinam a cultivar a paciência e a lidar com as situações do dia a dia de maneira mais tranquila. Também mostram a importância de expressar afeto e não esconder os sentimentos. Com os avós, os netos aprendem a ser mais empáticos, a compreender as dificuldades dos outros e a valorizar a perseverança. Além disso, eles ajudam as crianças a acreditarem em si mesmas e a desenvolverem mais independência dos pais, incentivando a convivência com diferentes pessoas.



No final das contas, acredito que o segredo está no equilíbrio. Quero ser uma avó que participa, que ama profundamente, mas que também respeita o espaço dos meus filhos como pais. Porque, no fundo, é isso que todos buscamos: uma família unida, onde cada um tem seu lugar e seu papel. Também será uma fase maravilhosa para mim, já que irei redescobrir o amor, me sentirei valorizada e responsável. E o que mais sonho é em deixar minhas próprias memórias de cheiro de bolo e tardes de brincadeiras para os meus futuros netos. E se você tem uma receita de bolo de avó, mande para eu começar a treinar!

 

Referências:

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