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Criando com calma: como os gritos afetam as crianças.

  • Foto do escritor: Cintia Neves de Azambuja
    Cintia Neves de Azambuja
  • 20 de jun. de 2024
  • 3 min de leitura

Atualizado: 30 de jun. de 2024

Mãe conversa calma e alegremente com o filho.

Um estudo recente realizado nos Estados Unidos e em Londres revelou que a exposição frequente a gritos é tão prejudicial quanto agressões físicas e sexuais. O estudo foi encomendado pela instituição de caridade britânica Words Matter e publicado na Revista Child Abuse&Neglect


Pesquisadores da Universidade Wingate, da Carolina do Norte, e da University College London (UCL) estiveram à frente da pesquisa. Eles verificaram o volume de fala negativa, tom e conteúdo de fala e seu impacto imediato. O abuso, segundo eles, pode criar "repercussões emocionais e psicológicas subjacentes", que incluem obesidade, aumento dos riscos de raiva, abuso de substâncias, depressão e automutilação. A UCL chegou a publicar esses riscos num comunicado no site da instituição e recomendar que o Abuso Verbal Infantil (AVC) seja oficialmente reconhecido como uma “forma de maus-tratos”.


O assunto não é recente. Outras pesquisas já foram publicadas a respeito, inclusive pela Universidade de Harvard, em 2013. Numa entrevista à jornalista Raquel Zimmerman na época, da Wbur (Rádio pública de Boston, nos Estados Unidos), Steven Schlozman, professor assistente de psiquiatria da Harvard Medical School disse que “Como era de se esperar, gritar com seus filhos, e especialmente gritar de uma forma que humilha seus filhos, não é bom. Acontece que, pelo menos de acordo com este estudo, gritar com seus filhos pode afetar negativamente o senso de si mesmo e a autoestima de seus filhos. Em outras palavras, há efeitos permanentes das repreensões”. A própria jornalista, no artigo que escreveu, afirmou que cresceu em uma família de gritadores e prometeu que não faria com os filhos. Porém, ela confessou que grita e se sente mal com isso. E ela complementa, afirmando que não estava sozinha. Anos antes, segundo ela, a repórter Hilary Stout declarava que gritar é a nova palmada.


A pedagoga e educadora parental em disciplina positiva para a primeira infância, Larisse Garcia de Barros,  em entrevista para a Up to Kids, sugere que os pais façam uma pausa positiva, que seria retirar-se de cena por alguns minutos para se acalmar. Pode ir para a varanda, para o quarto, enfim, para um lugar que se sinta bem para conseguir regular suas emoções, controlar a raiva e assim manter a calma”, disse. A disciplina positiva consiste em adotar atitudes de educação flexível, associando firmeza e gentileza.


Para o neuropsicólogo e PhD em Psicologia da Saúde Álvaro Bilbao, é possível buscar alternativas ao grito, como sussurrar no ouvido da criança. “Quando sussurramos, sua atenção auditiva tem que fazer um esforço para ouvir sua mensagem, o que fará com que ele se concentre, se acalme, entenda a mensagem que quer transmitir".


Educar sem elevar a voz requer prática e paciência, mas os benefícios são duradouros. Ao cultivar um ambiente de comunicação aberta e respeitosa, os pais não só fortalecem o vínculo com seus filhos, mas também ensinam habilidades importantes de gestão emocional e resolução de conflitos.

A psicoterapeuta americana e conselheira de saúde Mental Debbie Pincus conclui bem o assunto: "Aqui está um segredo: quando você se controla, as crianças também costumam se acalmar. Lembre-se, a calma é contagiosa – e a ansiedade também. Está provado que a ansiedade dos pais em relação ao seu filho contribui significativamente para a ansiedade do seu filho.*"


Mais do que uma questão de disciplina, evitar o grito é um ato de cuidado e respeito pelo desenvolvimento emocional e psicológico das crianças.

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8 Alternativas para Criar Nossos Filhos Sem Gritar

Por Álvaro Bilbao* 

Todos os pais eventualmente gritam, especialmente quando frustrados. No entanto, crianças não gostam de gritos e pais preferem ser ouvidos sem precisar elevar a voz. Aqui estão 8 estratégias eficazes para reduzir os gritos em casa:

  1. Estabeleça Regras Claras: Defina regras simples para facilitar a convivência.

  2. Protocolo de Emergência: Combine um sinal com seus filhos para alertá-los antes de você perder a paciência, como contar até três e dar uma ordem (que deve ser cumprida) para evitar o grito.

  3. Aja como se fosse surdo: Use toques leves para chamar a atenção de uma criança distraída, como cutucar o ombro.

  4. Peça Por Favor: A cortesia pode aumentar a cooperação das crianças.

  5. Sussurre no Ouvido: O contato físico e o sussurro ajudam a captar a atenção.

  6. Fique na Altura dos Olhos: Abaixe-se ao nível das crianças para ser ouvido.

  7. Tire de Contexto: Afaste a criança da atividade que a está absorvendo para falar com ela.

  8. Grite sem Raiva: Se precisar gritar, faça isso de forma lúdica para liberar a tensão.

Essas técnicas ajudam a melhorar a comunicação e a reduzir o estresse em casa, fortalecendo os laços familiares sem a necessidade de gritos.


*Álvaro Bilbao é PhD em Psicologia da Saúde, Formado Neuropsicólogo no Johns Hopkins Hospital (Baltimore), no Royal Hospital for Neurodisability (Londres) e em Neuropsicologia Infantil no Kennedy Krieger Institute (Baltimore). Tem vários livros publicados. Texto original em espanhol aqui.

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