Hoje, as notícias estão em todos os lugares, mas nem sempre podemos confiar nelas. Muitas vezes, o que encontramos não é a verdade, e sim uma versão manipulada para influenciar o público. Isso acontece não só nas redes sociais, mas também em sites de notícias e até em veículos tradicionais. No passado, a mídia era vista como uma fonte confiável, mas essa realidade mudou. E como saber se podemos confiar na veracidade de uma notícia?
Eu sei que é cada vez mais difícil distinguir o que é verdade do que é falso, e pesquisas comprovam essa dificuldade. Um estudo do Comitê Gestor da Internet no Brasil, em parceria com a Unesco, revelou que 43% dos jovens brasileiros entre 9 e 17 anos não sabem verificar se uma informação na internet é falsa. O problema não é exclusivo dos jovens; entre os adultos, a situação é semelhante. De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 54% dos brasileiros conseguem diferenciar informações verdadeiras de falsas, o que coloca o Brasil em último lugar entre 21 países analisados.
Diante desse cenário, como os pais podem garantir que estão ajudando seus filhos a compreenderem as notícias sem induzi-los ao erro que eles próprios cometeram?
O primeiro passo é entender que toda notícia tem, no mínimo, dois lados. Um bom jornalismo é feito quando esses lados são apresentados e não apenas um. Isso caracteriza sua imparcialidade e, consequentemente, aumenta sua credibilidade. Apresentar olhares diferentes sobre um assunto é oferecer uma visão mais completa e sem viés. Além disso, quando o jornalista ouve diferentes lados, fica mais seguro e evita erros, oferecendo uma análise mais profunda. E, um dos pontos mais importantes na minha visão: ele mostra que deu voz a todos os lados e, com isso, merece mais confiança do público.
Ou seja, se o preço do pão vai aumentar, por exemplo, é crucial que o repórter ouça a indústria de panificação, o consumidor e um economista, que explicará o impacto desse aumento na economia. Se a notícia apenas diz que haverá um aumento, citando apenas a perspectiva da indústria, isso é uma forma de manipulação. Esse tipo de notícia não reflete a insatisfação do consumidor nem as possíveis consequências econômicas.
Além disso, há as notícias totalmente falsas, conhecidas como Fake News. Elas são criadas a partir de informações enganosas. Como atribuir a alguém uma ação ou discurso a partir de uma informação que surge sem uma fonte determinada ou de um político da oposição, mas nunca foi confirmada por documentos ou projetos de lei. Às vezes, a Fake News surge de um boato plantado como notícia, para manipular um grupo ou uma população, sem nunca realmente ter acontecido. E ela pode ser reproduzida por vários veículos parecendo ser verdade.
Esses exemplos mostram como as notícias falsas e manipuladas podem ser prejudiciais para a sociedade. Por isso, é essencial que os pais se protejam desse tipo de conteúdo para poderem educar seus filhos. Não é possível blindá-los completamente, mas podemos ajudá-los a desenvolver um olhar crítico e equilibrado sobre o que veem e ouvem. Aqui estão algumas sugestões para fazer isso:
1. Comece com uma Conversa
Converse com seus filhos sobre o que eles estão lendo e assistindo. Fale da importância de ouvir os dois lados da história. Ouça suas percepções e compartilhe o que você também tem lido. Coloque essas informações em contexto e ofereça sua perspectiva. E esteja aberto ouvir outras visões e até mesmo a mudar de opinião. E lembre-se de garantir que eles saibam que podem falar com você se algo que viram ou leram os deixou preocupados.
2. Seja Proativo
Com tantas notícias impactantes circulando, não deixe que seus filhos, especialmente os mais novos, consumam essas informações sozinhos. Eles precisam de ajuda para processar o que estão vendo, e você pode orientá-los a entender melhor o que está acontecendo e como lidar com essas situações. Mostra a importância de fazer papel de detetive e procurar a fonte de onde saiu uma notícia. Eles devem pesquisar a origem, mesmo que seja um documento ou um discurso. Veja o original e não o que disseram sobre o caso, que já pode ser uma interpretação distorcida.
3. Explique com Clareza
Ao discutir as notícias com seus filhos, evite generalizações vagas. Seja específico sobre suas preocupações e explique por que algo te deixa ansioso. Isso ajuda seus filhos a compreenderem melhor suas próprias emoções em relação às notícias.
Estou preparando um e-book/audiobook completo sobre como desenvolver o senso crítico nas redes para não ser enganado, o que vai ajudar bastante nesse diálogo com seu filho. Em breve, darei mais detalhes por aqui.
REFERÊNCIAS
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